O caminho de Maria Elisabete Ferreira Alves, da cidade de Pesqueira - onde ela nasceu, foi criada, casou e teve quatro filhos - até chegar à Paróquia de Casa Forte foi salpicado de incertezas. Naturais, a bem da verdade. A mudança para a capital aconteceu nos anos 90 e uma das tormentas do casal residia na pouca religiosidade dos moradores do Recife. Isso na opinião dela e do marido, Edson. Católicos praticantes, eles deixaram o interior para trás, instalaram-se num apartamento na rua do Futuro e tocaram a vida. A peregrinação por uma nova igreja acontecia nos finais de semana. Estiveram nas Damas, na Harmonia até descobrirem padre Edwaldo Gomes celebrando uma missa. ” É aqui que vamos ficar”, disseram eles.
Em
1994 fizeram o Encontro de Casais com Cristo (ECC) e não arredaram o pé da
Paróquia de Casa Forte. Bete é a atual coordenadora pedagógica da Casa da
Criança Marcelo Asfora (CCMA). Trabalha de segunda a sexta-feira e ainda
encontra tempo para organizar a missa das 17h do sábado, atuar junto com o
marido como ministros da Eucaristia, ajudar no bazar da Receita Federal e em
outros tantos eventos promovidos pela igreja.
A educadora "tia Bete" fez magistério e tem licenciatura plena em História pela Faculdade de Arcoverde. A experiência dela engloba berçário, alfabetização e ensino médio. “Sou do tempo do Mobral - Movimento Brasileiro de Alfabetização - idealizado por Paulo Freire. Aprendi que educar passa por conquistar o aluno e ganhar a confiança dele. Tem muito do chegar junto, sentar e conversar com amor”. Essa é a fórmula utilizada por ela na CCMA desde quando começou a trabalhar em 2007. Em 2014, ela pediu demissão para atender necessidades de uma de suas filhas. Voltou cinco anos depois e foi dispensada no início da pandemia do coronavírus. O retorno das aulas presenciais em 2021 trouxe Bete de volta como coordenadora.
Folha Forte – Em se tratando de uma atividade mal paga, onde está o encanto de ensinar?
Bete Alves - Educar é uma missão forte, um dom que Deus nos dá para indicarmos o rumo de vida das crianças. Prepará-las para enfrentarem o mundo. Acho importantíssimo tirar uma pessoa da escuridão. Fazer que elas entendam que precisam viver da melhor forma possível fase por fase da existência delas. Não é um trabalho fácil, mas é compensador e precisamos insistir.
FF – Nessa balança, qual o peso do ganho e das perdas que você tem registrado?
BA- Aqui na Casa da Criança aprendi a valorizar os ganhos. Padre Edwaldo dizia que garantir o futuro melhor de uma só criança já vale a pena. Passei por situações constrangedoras, tentando por muitas vezes a recuperação de alguns dos nossos meninos e meninas. Perdemos uns, que hoje estão sofrendo na prisão. Mas, ganhamos outros tantos. Um exemplo disso é o caso de uma criança que foi acusada de roubo e hoje é formado em enfermagem. Não podemos desistir no primeiro desafio.
FF – Você tem gás para quanto tempo mais?
BA- Mais cinco anos, no mínimo. A CCMA é minha outra casa e me sinto feliz aqui.
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